Como saber
conciliar nossas necessidades e nossas limitações, perante uma sociedade que
nos pressiona a todo o momento em vários setores da nossa vida?! Tenho notado
que as pessoas estão cada vez mais atentas a coisas fúteis e banais e, não
medem esforços para ter ou realizar algo que não necessitam, mas precisam para
se manterem com certo status na sociedade e/ou aparentarem viver bem. Então
quer dizer que o “viver bem” mudou de configuração. Sim, pois estamos em uma
sociedade capitalista, onde o ter tornou-se tão importante quanto o número de
copos d’água que tomamos durante o dia para conseguirmos a hidratação que nosso
corpo precisa.
Somos pressionados
na preferência sexual, na escolha da profissão, das roupas, dos amigos, da
moradia, do carro, da escola, e até mesmo na escolha de um cônjuge. O amor
parece que foi comprado e adquiriu formato, aparência, perfume, e conta
bancária, visto que as pessoas valorizam tais pontos como se estes fossem fundamentais.
Isto se explica pelo fato do Eu construir sua identidade a partir
da percepção de existência do Outro. Nosso Eu vive querendo ser diferente e
singular, mas somos todos reflexos de outros Eus, já que construímos nossas
personalidades perante a observação do Outro, logo o Outro é extremamente
importante para o Eu, embora na prática social, o Eu esteja mais preocupado consigo
mesmo do que com o próximo, que é o Outro. Os Eus são como textos, pois não
existem textos totalmente puros, visto que quem os cria se baseia na leitura de
outros, estes outros servem de base ou inspiração para futuros escritos. Como
este que estais a ler – e imagina o que se passa na cabeça desta que o escreve –
é baseado em um primeiro, lido pela autora.
Não quero dizer que
textos e Eus sejam cópias, plágios, piratarias, pois a cada recriação sempre
irá surgir novos traços, que marcarão a originalidade de cada obra, de casa
ser. Como a história do “quem conta um conto, aumenta um ponto”, ou seja, o
conto quando transmitido por outras bocas, jamais será o mesmo, sempre terá
pontos a mais.
Estamos necessitando que nossas necessidades
sejam repensadas, reavaliadas. Há uma emergência de retomada de velhos valores,
riquíssimos princípios. Observa-se, refleti-se e se diz que: a sociedade
precisa agir com austeridade na busca pela ética e alteridade.