domingo, 26 de fevereiro de 2012

A danada da gastrite!

É de dá dó, a situação do compadre Severino, vira pra um lado, vira pra o outro, numa noite assombrada de dor. De uns tempos pra cá, ele vive resmungando, sente dor até quando sente o cheiro do porco assando. O queimor é de lascar, segundo o próprio compadre Severo, é assim que os mais chegados aqui da roça o chamam. Dia de domingo, o Severo que é tão animado pra churrasco, já não vibra mais com brilho da gordurinha da carne, o que antes lhe dava água na boca. E a pinga que ele é tão conhecedor, parece não mais conhecer, ultimamente, dela ele só ta querendo é distância sô!
De tanto o pessoal da redondeza insistir, compadre Severo foi ao doutor Eduardo Limeira, um clínico geral, que atendia naquelas terras desde que se formara na universidade da capital. Foi internação na certa, o difícil foi segurar o compadre na cama, morria de medo de agulha, e ao escutar a enfermeira dizer que a veia estava ruim de ser encontrada, aí é que aumentou o medo, no final das contas foi preciso um sedativo pra acalmar o homem. D. Eduardo tratou logo de solicitar uma alguns exames para o internado, dos quais a tal endoscopia foi o mais doloroso. A atitude do Severo diante do caninho que seria enfiado goela abaixo não preciso nem dizer, na verdade fico meio acanhado de falar! Eita cabra frouxo sô!
Mas no final das contas, o veredito do doutor, que foi logo anunciando – é gastrite sim senhor! – e foi preparando uma lista quilométrica das comidas que o Severo poderia ou não comer, e pra ser bem sincero coitadinho do compadre, vai ficar magrinho que nem vaca em época de seca, sua alimentação se reduziu a 1/3 do normal, nada de gordura, nada de álcool e muito menos ácido.
O Severo que sempre fugiu de compromisso sério pra evitar obediência, submissão e subordinação, veio o destino e lhe deu uma peste de gastrite, valeu à pena preservar o coração?! Ê falta de sorte, isso é que é ingratidão!